Nos últimos anos, Radouan Mriziga tem desenvolvido uma obra coerente e rica. Em espetáculos como 55 (Alkantara Festival 2016) e 3600, Mriziga investiga a relação entre dança, o ato de construir e as origens da arquitetura e da escultura. Um corpo em movimento, como unidade de medida, que opera na expressão de desenhos e construções arquitetónicas. Na sua pesquisa por um corpo-performer que executa tarefas simples, Mriziga procura matéria coreográfica na arquitetura moderna e nos princípios do design em que a forma sugere a função, bem como em expressões artísticas de culturas islâmicas onde encontra um sentido de precisão matemática, harmonia estética e simbolismo, sendo o artesão, criador de padrões geométricos, um artista, engenheiro, filósofo, designer e intérprete da proporção de ouro.
Em 7, Mriziga acrescenta uma camada de mistério e imaginação ao evocar as Sete Maravilhas do Mundo Antigo. Estas proezas da arquitetura e da imaginação, de que só resta a Grande Pirâmide de Gizé, marcam a vitória da humanidade sobre os seus limites físicos e as leis da natureza. Cada época tem as suas maravilhas ideias impossíveis que ainda assim são construídas, sempre maiores e mais impressionantes do que o que existia antes. Mas, como é maravilhoso o pequeno corpo humano que imagina e realiza estas grandezas e infinitamente mais misterioso e belo do que os gigantes de que se faz rodear. Em 7, Mriziga coloca as duas escalas lado a lado a do mundo construído, feito para impressionar, e a da derradeira maravilha do mundo: o corpo humano.