Andavam há dez anos a deambular por Lisboa, procurando em vão o lugar de que lhes tinham falado. Dizia-se que era um lugar mágico onde fantasmas de outras épocas habitavam e se tornavam de novo reais quando esse lugar vibrava com gente. Constava que tinha o nome de um santo. O velho que lhes contou a história disse-lhes também que existia uma orquestra que nunca ninguém tinha visto, actores cujas faces não se vislumbravam, bailarinos que dançavam como fantasmas. Cruzaram uma praça e entraram numa rua seguindo a lua cheia que
se deixava ver entre as nuvens. Olharam e viram um lugar que condizia com a descrição do velho. “São Luíz Teatro Municipal” em grandes letras escrito por cima das grandes portas ferrugentas e cheias de teias de aranha. Entraram. Nunca mais ninguém os viu. Consta que encontraram finalmente o tal lugar, do qual o velho lhes falou dez anos antes e juntaram-se aos outros fantasmas que ali habitavam.