breves palavras
Cristina Fernandes, musicóloga, profere breves palavras, 1 hora antes de cada récita de Il Trionfo del Tempo e del Disinganno, na sala Bernardo Sassetti. O compositor, a música, a ópera e o seu contexto de criação são possíveis vertentes de análise e conversa com o público. Conheça melhor a música de Georg Friedrich Händel e, em particular, Il Trionfo del Tempo e del Disinganno. Participe e usufrua de um enquadramento que lhe faculta elementos essenciais para inteligir Il Trionfo del Tempo e del Disinganno.
Oratória em que as personagens Prazer, Tempo e Desilusão assumem forma humana para disputar a alma de Beleza.
Oratória sobre um tema universal, Il Trionfo del Tempo e del Disinganno é uma obra que ecoa em cada um de nós.
Georg Friedrich Händel (1685-1759) chegou a Roma em 1707, decidido a mergulhar no mundo da música e da ópera em particular. Trazendo atrás de si uma aura de grande organista, depressa encontrou o seu lugar no seio da elite romana. Havia apenas um senão: pouco antes da sua chegada, o Papa tinha proibido, apenas na cidade de Roma, a apresentação pública de óperas.
O Cardeal Benedetto Pamphili era um homem de cultura e de letras e, no seu sumptuoso palácio, tocavam os melhores músicos da época. Autor de inúmeros textos destinados à música, encomendou a Händel uma oratória com libreto da sua autoria, intitulada La Bellezza ravveduta nel trionfo del Tempo e del Disinganno.
Händel estava impedido de escrever uma ópera, mas não de usar os seus recursos formais. Em Il Trionfo, aos cantores, sobretudo às personagens Beleza e Prazer, é exigida uma técnica vocal superlativa, e toda a obra está carregada de expressividade. Aliás, não podendo contar com expedientes cénicos, Händel teve de explorar todo o potencial de eloquência musical para caracterizar as diferentes personagens.
Para além das referidas, acrescem o Tempo e o Desengano, perfazendo um lado, enquanto que, do outro se encontra o Prazer. A Beleza é a personagem que mais se desenvolve, oscilando entre os argumentos apresentados. Mas o título é auto-explicativo: o Tempo e o Desengano triunfam.
Em 1711, quatro anos depois da composição de Il Trionfo, Händel usou a mesma melodia da ária Lascia la Spina, Cogli la Rosa na sua ópera Rinaldo, eternizando-a sob o título Lascia Ch’io Pianga.
Georg Friedrich Händel, Il Trionfo del Tempo e del Tisinganno / O Triunfo do Tempo e do Desengano (1737) (La Bellezza Ravveduta nel trionfo del Tempo e del Disinganno) HWV 46a
Oratória em duas partes de Benedetto Pamphili.