La Manékine inspira-se num dos contos mais terríficos dos Irmãos Grimm, A Menina sem Mãos, numa encenação gótica e burlesca, com uma manipulação excelente, que mistura várias técnicas, e música ao vivo, interpretada por um homem-orquestra.
Uma floresta assustadora, o diabo, um pobre moleiro e a sua filha, um negócio sinistro e um par de mãos decepadas são os ingredientes deste conto de fadas sombrio, centrado na resiliência e na autoconfiança. Mas o que começa em engano e tristeza, termina em amor e felicidade para sempre, tal como nos contos de fadas, para uma jovem corajosa e o seu belo príncipe.
Uma história emocionante, em que a luz se cruza com a escuridão, e a alegria encontra o desespero. Os temas da emancipação feminina e do triunfo sobre a adversidade ressoam fortemente neste conto macabro, tornando-o simultaneamente intemporal. Este drama, onde está em jogo a conquista da liberdade de agir e de amar, assume um grande e belo paradoxo para a marionetista: tornar-se nas mãos dos “sem mãos”, ao manipular a Manékine.
La Pendue regressa ao FIMFA, depois de ter maravilhado todos com Tria Fata, apresentado no Teatro São Luiz, na edição de 2017. La Manékine, a sua última criação, é um espetáculo poético e terrivelmente atual, marcado pela magia e universo característico da companhia.
“Como num sonho, os elementos da produção combinam-se de uma forma que, apesar de ser totalmente singular, nos liga às realidades intangíveis da existência.” – Clare Brennan, The Guardian ★★★★
“No centro de tudo isto está a extraordinária Estelle Charlier, que se move entre os papéis de mestre marionetista e contadora de histórias com graciosidade e precisão (…). Cada gesto parece deliberado, cada movimento está imbuído de emoção, como se as próprias marionetas respirassem (…). Os elementos visuais de La Manékine são absolutamente deslumbrantes. (…). É raro ver um espetáculo que misture tantas formas de arte com tanta coesão e propósito. La Manékine é um espetáculo onde as marionetas, a música e a narração de histórias se entrelaçam para criar algo verdadeiramente mágico.”
– Sofia Danailov Esteban, Plays to See ★★★★
“La Manékine da companhia La Pendue é uma homenagem exemplar às tradições francesas do teatro físico e da marioneta do estilo guignol (…). É uma masterclass em narração de histórias e interpretação, reimaginando habilmente o conto dos Irmãos Grimm, A Menina sem Mãos, com inovação e coração.
No centro da produção está o talento notável de Charlier. A sua precisão, fisicalidade e habilidade dão vida a uma série de personagens e marionetas, criando uma interação dinâmica e hipnotizante (…).
Marionetas, música e efeitos especiais de uma forma que encanta e surpreende (…), criando momentos de pura maravilha teatral (…).
Esta é uma peça que permanece na nossa mente muito depois da cortina final, tocando-nos tanto no coração, como na imaginação. Para aqueles que apreciam o teatro inovador enraizado na tradição, La Manékine é uma experiência inesquecível (…).” – Jess Gonzalez, Everything-Theatre
BIO
La Pendue, uma companhia de teatro, marionetas e metamorfoses delicadas, foi criada em Grenoble em 2003 por Estelle Charlier e Romuald Collinet, antigos alunos da École Supérieure Nationale des Arts de la Marionnette de Charleville-Mézières. A companhia é gerida pela associação Théâtre de l’Homme Ridicule, e construiu a sua oficina e sala de ensaios nas montanhas de Grenoble, onde orienta o seu trabalho em duas direções divergentes, mas complementares: um eixo tradicional, centrado nas marionetas de luva, em que os marionetistas se reapropriam da personagem Polichinelo (Pulcinella), como o espetáculo explosivo Poli Dégaine, apresentado no FIMFA Lx8, e que continua a ser apresentado por todo o mundo, sendo considerado um marco e uma verdadeira revolução, no âmbito dos espetáculos de marionetas de luva; e um eixo contemporâneo, em que recorrem a uma grande diversidade de técnicas (marionetas de fios, de vara, de sombras e outras ainda por inventariar), por exemplo para Tria Fata, apresentado no FIMFA Lx17, com grande sucesso, e para La Manékine, uma reinterpretação burlesca e psicadélica de um conto medieval. A companhia continua as suas digressões internacionais e tem colaborado com parceiros de prestígio, como a marionetista Ilka Schönbein, em que Romuald Collinet foi conselheiro artístico em La vieille et la bête; e o realizador Leos Carax, com quem Estelle Charlier e Romuald Collinet criaram a personagem Annette: o rosto, o crescimento e a magia desta marioneta para o filme com o mesmo nome. Esta incrível aventura artística, que recebeu o prémio de Melhor Realização no Festival de Cannes e cinco prémios César, entre os quais o de Melhores Efeitos Visuais (com Estelle e Romuald), foi uma enorme inspiração e renovou os meios e perspetivas dos marionetistas de La Pendue.