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Lula Pena e João Simões | Pedro Sousa

ZDB no São Luiz
Este evento já decorreu
Datas e Horários

30 setembro
quarta, 21h e 22h

Local

Sala Luis Miguel Cintra

Preço

€15 com descontos

Descrição

21h – CALOR CALUDA, Pedro Sousa

Saxofonista de rodagem imparável e energia vital para diversas movimentações nesta e noutras cidades, reconhece-se a Pedro Sousa uma capacidade tão rara quanto natural de habitar e confundir diversas esferas musicais, que na passagem pelo jazz em várias formas, pela electrónica mais arisca, pelo rock enviesado e improvisações sem nome nem lugar nunca perde o acervo e cunho pessoal dos mais honestos e inconformados. Da parceria de longa data com Gabriel Ferrandini – em duo, Volúpias, Casa Futuro ou formações mais ou menos perenes – a EITR, colaborações pontuais com bandas como Black Bombaim ao mais recente conluio com Simão Simões. E por aí, para trás e para diante numa rede expansiva que tem sublimado uma linguagem tão continuamente nova quanto singular. Ofício abençoado.

Campo aberto particularmente bravio para essa exploração contínua e confiança acrescida tem sido o seu trabalho a solo. Exílio que tem vindo a lume em aparições pontuais, esculpido com um sentido visão que acarta com processamento eletrónico e amplificação sem entrar em maneirismos de escola electro-acústica, rendição ao loop ou acumulação sonora preguiçosa. Sopro, técnica e lirismo sempre atuantes, seja no fraseado poético, num uso cuidado de extended techniques ou na respiração circular, eletrificados com uma medida e um fim, que fazem dessa sua música algo que não é definitivamente jazz, nem propriamente drone nem improvisação freeform mas respira o essencial de todas elas. Para o São Luiz, traz também a palco um projetor de 16mm modificado de modo a ser amplificado e controlado em tempo real. Com todo o cabimento.

 

©Buddhy

22h – Lula Pena e João Simões

Senhora de uma presença e música tão intangíveis quanto telúricas, Lula Pena tem trabalhado com a calma dos abençoados e a paciência dos dias uma obra única, em contracorrente com qualquer noção de carreirismo. Ao ritmo de uma canção por ano, Pena  tem levantado uma aura muito sua, reflexo de uma música que convoca o fado, a bossanova ou o tango mas transcende cartografias e tropes de género, para suster essas referências numa dimensão pan-global, onde uma guitarra e aquela voz assombrosa são meios para a crença e a revelação. Tendo-se estreado com o já mítico Phados em 1998, reapareceu após resguardo solitário em 2010 com o deslumbrante Troubadour e novamente em 2017 com Archivo Pittoresco com edição da muito respeitável e sempre atenta Crammed Discs. Tudo a seu tempo, sempre.

Num encontro algo inusitado, Lula Pena abarca o seu centro gravitacional à obra de João Simões – e vice-versa. Artista nascido em Luanda e já com largo trajeto por entre a instalação ou o vídeo e cujo trabalho tem sido amplamente discutido e elogiado por inúmeras publicações e críticos. Tendo já exposto em inúmeros espaços de respeito, foi também professor convidado e conferencista em diversas escolas conceituadas, deste e do outro lado do Atlântico. Figura muito própria, de matéria idiossincrática. Requisito para um tag team que nos deixa particularmente expectantes por todas as suas possibilidades.

 

Enquanto todos se perguntam se a vacina russa funciona realmente, a ZDB propõe a sua própria luso-medicina: mais espírito do que agulha. A sua eficácia: saber o que significa inclusão e conseguir criar colaborações entre a comunidade. Por essa razão, a Zé dos Bois foi desafiada a agendar um ciclo que terá lugar entre 29 de setembro e 2 de outubro de 2020, antecipando o seu 26º aniversário, num acolhimento do Teatro São Luiz.

A ZDB propõe uma programação nacional, e como habitualmente, desperta – através da apresentação de um programa de performances, música e as suas interseções com as artes visuais – as curiosas ligações entre entidades que por vezes parecem antagónicas. Neste programa, novas particularidades sonoras e musicais são combinadas com performances e propostas visuais desafiantes.

O corpo, uma segunda e até terceira natureza, é questionado pelos marcos performativos do mundo contemporâneo, defendendo ao mesmo tempo um olhar que vai além do visível e do invisível (Mariana Tengner Barros). Definições mais conscientes de si mesmas, levam-nos a emancipar-nos da separação entre o pessoal e o político, através de viagens astrais de natureza especulativa e ainda desconhecida (Odete e Alice dos Reis). A mecânica do analógico adquire um significado abstrato numa demonstração de feedback audiovisual (Pedro Sousa). O concetualismo mais depurado é fundido com uma tradição musical portuguesa reinventada (Lula Pena e João Simões). A sexualidade diz adeus ao género, o corpo humano aproxima-se de um género-objeto (Dinis Machado). A voz relatora de uma comunidade amplifica-se a projetar futuros possíveis (Tristany). A pop de vanguarda faz agora mais sentido do que nunca e voltamos a desfrutar como fazíamos, antes do momento em que tudo nos pareceu perdido (Alek Rein, Primeira Dama).

Ficha Técnica

PEDRO SOUSA saxofone tenor, pedais, amplificadores, manipulação de projetor de 16mm // Colaboração Lula Pena e João Simões Voz e Guitarra Lula Pena

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