Que lugar outro senão o Teatro, para interrogar a conformidade do pensamento? Para confrontar loucura e normalidade? Para lembrar à cidade as curvas de que é feita? A partir do palco, podemos rever-nos, reinventarmo-nos, ensaiar outros futuros, exercer a crítica de nós mesmos. O Grupo de Teatro Terapêutico vive num território que interpela a pertinência do gesto artístico enquanto mecanismo de humanidade. Não admira que escolha, para partilhar connosco, uma farsa…
Em Metastasipolis é o tempo do poder absoluto e dos equívocos. O passado estabelece alianças com o presente. Emergem das sombras, das dúvidas, novos predadores. […] Guerras e apocalipses passam-se longe de casa e presenciam-se em cubículos, em poltronas e salões. Num cadinho de contradições, de sedas e fedores, de jogos e guerras que acontecem e motivam à distração, à diversão, a par de concursos duvidosos que alimentam o mundo de dezassete personagens em evolução destrutiva, a bonecada de todas as épocas faz o jogo do faz de conta de uma alienação persistente. Metastasipolis é a comédia, a farsa, que não pretende ser formativa ou informativa, nem mesmo exemplar. É apenas um exercício coloquial para o divertimento colectivo dos bons e péssimos costumes.
João Silva