Neva é uma peça novelo. Um conjunto de frágeis relações que se vão revelando à luz dos acontecimentos, que acentuam a impossibilidade de uma felicidade duradoira (no bom modo tchékhoviano) e ao mesmo tempo nos empurram para uma frente de batalha – a da utilidade do teatro e dos seus protagonistas em momentos em que a história pede uma voz ou uma visão.
É nesse rasgo subtil que o autor dá aos actores a possibilidade rara de sair da redoma e do destino insuportável das personagens.
Numa Europa que luta contra a fragmentação de valores, ideias e territórios e em que o poder da economia dita as regras do jogo, num mundo atolado de regimes autocráticos e sanguinários em que os valores da democracia e os direitos humanos são apenas fantasias, talvez fosse bom aproveitarmos esse último fôlego que a partir do pensamento e da vontade, torna ainda visível os mistérios e os desígnios do teatro.
Uma Europa que luta contra a fragmentação de valores e territórios e em que a economia dita as regras do jogo.