A peça aborda conceitos de Deus e do Diabo, onde o demónio passa a ter o papel de criador do pecado e Deus o criador que o leva ao perdão. Os personagens procuram uma definição entre o bem e o mal – forças consideradas como extensões de si próprias.
Temas como as consequências pela disputa de pensamentos religiosos e a aceitação do homem perante o seu destino, são abordados no espectáculo. Uma análise sobre a trindade cristã é realizada com perguntas a respeito de temas bíblicos. O público é levado a filosofar sobre quem ele é, qual o seu destino, para quê e para quem ele serve.
Português do Ribatejo, festejado, lido e traduzido pelo mundo afora, Saramago mostra a complexidade e os poderes sobrenaturais existentes em Deus e no Diabo. Compara os seus códigos emocionais com o humano, diferenciando as ideias sobre as noções convencionais do bem e do mal.
Montada a partir do livro deste prémio Nobel português, esta peça fixa-se no capítulo “Manhã de Nevoeiro”, quando ocorre o encontro de Jesus com Deus e o Diabo. Estes dois últimos personagens travam discussões sobre o limiar entre o bem e o mal, uma vez que, para o autor, eles não são entidades que se opõem e sim extensão um do outro. Dúvidas de ordem existencial (para que sirvo? De onde vim?), presentes em toda a obra, permeiam o diálogo de Jesus, Deus e Diabo.
A peça é dirigida pelo premiado José Possi Neto, e conta com a participação da actriz bem conhecida do grande publico, Maria Fernanda Cândido, que interpreta o papel de Maria de Madalena, e de Thiago Lacerda com o profundo e envolvente papel de Jesus.
Polémica, pela delicada questão da interpretação dos textos sagrados, esta peça é objecto de reflexão apaixonante!