Porco-espinhos zangados de morte com o sol, que teima em pôr-se todos os dias, rinocerontes e elefantes irascíveis que acham que o outro é que se deve desviar do caminho, lagostins que vendem fúrias de todos os tamanhos. Em Fúrias, Patrícia Portela e Célia Fechas pegam na obra do autor e filósofo holandês Toon Tellegen, e quais caixeiras viajantes, montam um estaminé para vender fúrias a quem delas precisar. Com uma cortina de fumo atrás, onde se projetam e visualizam as mais diferentes fúrias, contam-se dez histórias de raivas passadas e futuras, apresentando-se um catálogo de fúrias que se transaciona com o público e se constrói à medida das necessidades de cada um. Um espectáculo em que se fala de todo o tipo de pequenos arrufos e amuos com os outros, com a vida, connosco próprios, a partir daquele lugar difícil e vulnerável que é zangarmo-nos, discordarmos, magoarmo-nos ou sofrermos com as nossas aflições e as dos nossos.
Depois de Por Amor, estreado em 2017, esta é a segunda peça de Patrícia Portela sobre uma emoção, a Fúria. Hão de seguir-se o Medo (a partir de Aventuras de João Sem Medo), a Frustração, a Traição e a Generosidade.