As atividades práticas do programa Dança sem Idade terão a duração de três dias completos e dirigem-se a profissionais de dança com mais de 40 anos. Têm como objetivo estabelecer um lugar de proximidade, de troca de experiências e trajetórias artísticas que visam a interação e criação de laços futuros.
Em cada dia, haverá uma proposta diferente de trabalho liderada por artistas presentes no festival — Francisco Camacho, Nacera Belaza e Ali Chahrour — que com as suas linguagens e práticas diferenciadas desejam contribuir para a ativação e renovação artísticas destes participantes.
As inscrições estão encerradas.
Dança Sem Idade centra-se na questão da idade e do envelhecimento, seja no plano da dança seja num âmbito mais geral no seio da sociedade. A articulação das suas diferentes atividades visa contribuir para a desconfirmação de ideias pré-estabelecidas e ainda pouco contrariadas quanto à idade até à qual se pode dançar, e das expectativas por parte do público quando confrontado com um corpo fora destes parâmetros convencionados.
O projeto coloca em diálogo profissionais da dança com mais de 40 anos e figuras académicas, de vários países, reivindicando espaço e visibilidade para corpos menos jovens e já não no fulgor da exuberância física, mas que com toda a sua experiência e inteligência motora acumuladas podem ainda interpelar e conquistar os públicos.
Contemplam-se três dias de práticas artísticas, abertos à participação de profissionais da dança com mais de 40 anos. Em cada dia, haverá uma proposta diferente de trabalho liderada por artistas com linguagens e práticas diferenciadas entre si, como são Nacera Belaza, Ali Chahrour e Francisco Camacho. Esta diversidade contribuirá para a ativação e reciclagem artísticas destes participantes. No plano da reflexão teórica, promove-se um simpósio com figuras relevantes da investigação académica desenvolvida neste campo, no âmbito internacional, assim como uma conversa após a apresentação de VELHⒶS, com o seu coreógrafo Francisco Camacho e a coreógrafa e investigadora Susanne Martin, num diálogo sobre as suas práticas e perspetivas artísticas, com a moderação da jornalista e ativista cultural Carla Fernandes. VELHⒶS reúne um grupo de profissionais que já dobraram os 50 anos, com a música ao vivo de Sérgio Pelágio, e contando com a generosa participação de habitantes lisboetas com ainda mais idade.
Nota biográficas
Ali Chahrour nasceu em Beirute, em 1989. Bailarino e coreógrafo, estudou teatro e dança na sua cidade natal e em várias escolas pela Europa. No seu trabalho explora a relação profunda entre o corpo e o movimento, e entre a tradição e a modernidade — inspirado pelo contexto político, social e religioso de Beirute, onde vive e trabalha.
Francisco Camacho é coreógrafo, bailarino, membro fundador e diretor artístico da EIRA. Estudou dança e teatro na Companhia Nacional de Bailado, no Ballet Gulbenkian e em Nova Iorque, no Merce Cunningham Dance Studio, Movement Research, Susan Klein School e Lee Strasberg Theatre Institute. Integra o movimento português de dança contemporânea que teve início no final da década de 80, apresentando-se desde essa altura pela Europa, América, África e Ásia. Vários dos seus solos são hoje obras de referência na história da Dança Portuguesa. Foi galardoado com o Prémio Bordalo, da Casa da Imprensa, e com o Prémio ACARTE/Maria Madalena de Azeredo Perdigão, da Fundação Calouste Gulbenkian. Foi intérprete junto de nomes como Creach/Koester, Alain Platel, Carlota Lagido, Miguel Moreira e Filipa Francisco, e destaca a sua colaboração regular com Meg Stuart. Apresentou espetáculos de dança em coautoria com Mónica Lapa, Vera Mantero, Carlota Lagido, Vera Mota e Sílvia Real, e cocriações com Fernanda Lapa e Miguel Abreu. Realizou intervenções coreográficas para uma obra de Pedro Cabrita Reis, no Museu de Arte Contemporânea de Bona, e para a exposição de Francis Bacon, no Museu de Serralves, a par dos projetos para espaços não-convencionais, Performers Anónimos e Danças Privadas. Ensina regularmente, em Portugal e no estrangeiro.
Nacera Belaza, nasceu em Medea, na Argélia, e vive em França desde a infância. Após ter estudado literatura, entra na Dança como autodidata e cria uma companhia em nome próprio, onde a suas criações surgem como meio de expressão — para se pronunciar e deslindar a complexidade da sua dupla pertença cultural. Procura transformar a dança num mergulho de introspeção, explorando o movimento como um sopro apaziguador, profundo e contínuo, confrontando a perseverança, o rigor, despojando o “ruído ensurdecedor da existência”, interpretando o gesto à luz da sua utilidade inicial. Em França, apresentou-se no Festival d’Avignon, na Biennale de la Danse, em Lyon, ou no Festival de Marseille, com as suas criações a circularem por todo o mundo. Foi distinguida diversas vezes, tendo recebido do Ministério da Cultura francês o título de Chevalier de l’Ordre des Arts et des Lettres e o Prix Chorégraphe (2017), da Société des Auteurs et Compositeurs Dramatique. Desde 2017, a Companhia Nacera Belaza detém o título CERNI – Compagnie et Ensemble à Rayonnement National et International, do governo francês. Nacera Belaza criou uma plataforma de cooperação na Argélia, que lhe permite trabalhar regularmente no seu pais de origem.